Saturday, September 14, 2013

Cinco perguntas para Joel Chadabe


Joel Chadabe nasceu em New York. Ele foi aluno do compositor Elliott Carter na Yale School of Music. Depois de residir por três anos na Europa na década de 60, Joel retornou para New York e foi o responsável por montar um estúdio de música eletrônica na State University of New York, em Albany.

Em 1967, ele projetou um sintetizador Moog analógico e programável e contratou Robert Moog para construí-lo. Em 1977, Joel Chadabe e Roger Meyer desenvolveram o Programa PLAY, o primeiro software de sequencer musical. Entre 1983 e 1994, Joel Chadabe foi presidente da Intelligent Music, a primeira companhia a desenvolver e distribuir softwares e hardwares para composição interativa. Em 1994 ele fundou a Electronic Music Foundation (EMF), uma organização sem fins lucrativos dedicada à história e ao potêncial criativo da música eletrônica. Em 2006 ele fundou a Ear To The Earth, uma rede mundial de sons ambientais.

Desde 1969 Joel Chadabe tem se apresentado em festivais e concertos por todo o mundo, juntamente com Jan Williams, Bruno Spoerri e outrros músicos. Entre os selos que lançaram material gravado por ele estão EMF Media, Deep Listening, CDCM, Centaur, Lovely Music, Opus One, CP2 e Folkways. Ele é o autor do livro 'Electric Sound: The Past and the Promise of Electronic Music', publicado pela editora Prentice Hall em novembro de 1996.

Meu primeiro contato com a história de Joel Chadabe foi, naturalmente, lendo e pesquisando sobre os primórdios do sintetizador Moog. Eu contatei o Joel através do seu site oficial e, depois disto, por email para realizar esta entrevista. Ele foi muito gentil e prontamente aceitou responder minhas perguntas. É um grande prazer e uma grande honra contatar este pioneiro e historiador da música eletrônica! Aqui está a entrevista com Joel Chadabe:



ASTRONAUTA - Joel, quais foram os seus primeiros passos na música e quais foram suas primeiras influências musicais?

JOEL - Pelo que me lembro, eu tocava piano quando era criança, mas passei a encarar o instrumento com mais seriedade quando eu tinha por volta de 15 anos de idade. Particularmente, quem mais me impressionava era o pianista russo Benno Moiseiwitsch, que não é muito conhecido hoje em dia, mas era maravilhoso. Eu cresci em New York, então eu fui exposto à muitos tipos diferentes de música.

ASTRONAUTA - Como e quando você conheceu o Robert Moog? E quais são as suas lembranças sobre ele?

JOEL - Eu conheci o Bob em 1965. Eu fui chamado para projetar um estúdio de música eletrônica na State University of New York, em Albany, que ficava descendo a rua onde ele tinha seu escritório. Eu tinha ouvido falar de Bob através de Alvin Lucier, na verdade, e fui visitá-lo. Nós nos tornamos amigos muito fácil e rapidamente. Eu adquiri alguns equipamentos e, no ano seguinte, adquiri mais alguns e assim foi indo. Bob tinha uma personalidade muito viva, era muito engajado com o que estava fazendo. E era muito sociável. Ele gostava de conversar e nós íamos nadar em um lago que ficava perto, quando eu ia visitá-lo.

ASTRONAUTA - Em 1967 você pediu para Robert Moog construir um sintetizador Moog com algumas funções especiais, certo? Quais eram exatamente estas funções especiais? Você sabe onde este sintetizador específico está hoje em dia?

JOEL - As funções especiais eram em relação à automação, através de oito sequencers controlados por um clock digital. Nós o chamamos de sistema CEMS (Coordinated Electronic Music Studio - estúdio de música eletrônica coordenada, em português). Eu acho que ele foi desmontado e os componentes foram vendidos separadamente, no final das contas.

No momento eu estou escrevendo um relato detalhado sobre como foi trabalhar com Bob, sobre o sintetizador e sobre o sistema CEMS. Estou planejando publicar este relato na forma de e-book. Estará disponível através da Intelligent Arts. Eu convido que tiver maior interesse no assunto a visitar o site intelligentarts.net e cadastrar seu email.

ASTRONAUTA - Você é um dos pioneiros na utilização de instrumentos musicais eletrônicos analógicos e também teve a oportunidade de estar presente em todas as mudanças que aconteceram da tecnologia analógica para a digital, nos anos 70 e 80. Na sua opinião, quais foram as coisas boas e as ruins que vieram com estas mudanças (do analógico para o digital)? Você ainda tem e/ou utiliza algum equipamento analógico?

JOEL - Eu viajava bastante com equipamentos analógicos. Era muito difícil porque os osciladores eram muito sensíveis ao calor e à humidade. Eles eram muito instáveis. Então, eu percebia que se algo estava funcionando às 3 da tarde, eu tinha 50% de chance que iria funcionar à noite. Mas eu acho que muitas pessoas conseguem trabalhar melhor com equipamentos analógicos. Para mim, quando eu comecei a utilizar equipamentos digitais em 1977, descobri que eles eram maravilhosamente estáveis. Eu poderia ter a certeza que o que eu fazia à tarde estaria ok à noite. E eu nunca tive saudades dos tempos analógicos.

ASTRONAUTA - Quais são seus planos para o futuro (novas gravações, próximos eventos)?

JOEL - No momento eu estou trabalhando com o Kyma System, fabricado pela Symbolic Sound. Eu acho que o que pode ser feito com ele tem um futuro infinito. Eu estou trabalhando com novas abordagens para gerar sons e criando modelos de apps que distribuiremos pelo iTunes. Também estou trabalhando em novas maneiras e possibilidades para distribuição de música, também através da Intelligent Arts.

www.joelchadabe.com




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